TEXTO 2009
É de se abismar ao posicionamento de algumas pessoas “pensantes” do viver cotidiano a se portarem como que a “salvadoras” dos bons modos, bons costumes, a terem a onipotência de estarem com as soluções para problemas complexos que não são solucionados em definitivo em qualquer lugar do mundo neste início de século. Não mesmo que seja demasiado diferente de um centro civilizatório qualquer, problemas sociais grandiosos de outro centro civilizatório distantíssimo, até mesmo em outro continente, com cultura, economia, política diferente, mas o problema é o mesmo, sem solução imediata a vista, a fazer muitas vítimas diretas e indiretas. São assuntos de extrema complexidade social como prostituição infantil, violência letal a jovens, uso de drogas ilícitas perigosíssimas, racismo, xenofobismo, exclusão econômica, etc. Há quem se sensibilize pelos problemas e que de alguma forma procure somar a uma melhora. Mas há quem acha ter a solução. Pessoas que tomam as conseqüências de toda uma desestruturação social como o problema
Na prostituição infantil vemos um exemplo claro de como complexo é a matéria. Vemos que a prática da prostituição infantil é fruto/consequência de fatos preliminares os quais os hipócritas de plantão insistem em ignorar, seja por preguiça de apurar as reais causas, por incompetência, ou mesmo por formação reacionária de base preconceituosa excludente, marginalizadora. Abordam os efeitos e ignoram as causas. Porque o tecido social civilizatório detentor de perspectivas enaltecedoras a dignidade humana faltou e falta a muita gente, que por sua vez tornar-se presas fáceis de perigosos vícios e atitudes sempre presente numa sociedade plural e
Note-se que aqueles grupos ideológicos ou pessoas individualmente que defendem em atacar os efeitos sem verem as causas ainda erram ao dissociar de suas práticas a afetividade em vários ângulos. Em hipótese alguma consideram a possibilidade de construir uma sociedade melhor com o afeto
Pois que, ao ver de muitas outras forças sociais e de muita gente atuante, é preciso a coragem de aprofundar-se na realidade antes de reclamar poder de voz a ela. É preciso compreensão minuciosa das causas das seqüelas que tanto incomoda a tanta gente. É preciso enxergar a vida em degradação como conseqüência de uma deterioração anterior, a da sociedade em que se está inserida uma coletividade pautada em valores poucos solidários, materialistas ao extremo, de que o indivíduo passa a ter, por exemplo, reconhecimento pela posse financeira bem mais que por outros aspectos humanos. É necessário encontrar soluções ou tentar implementar ações no nascedouro dos problemas, por exemplo quebrar um verdadeiro “aparthaid” social entre os de posse econômica e os miseráveis ou pobres. Porque se assemelhará na melhor das hipóteses como onipotente as ações sociais de pessoas totalmente desprovidas de compaixão e entendimento das problemáticas atuais como um todo.
Há grupos e indivíduos que, conscientes do fosso social em estamos inseridos não se perdem em propostas inaceitáveis e já rechaçadas pela história, não correm o risco de aplicarem estratégias já comprovadas como ineficazes, porque se lançaram previamente corajosamente ao entendimento da realidade tal qual ela é, numa postura que de fato é para poucas pessoas dado o ônus que traz a verdadeira consciência, o ônus de ter que assumir como seus, de seu tempo e de sua coletividade, como seus repita-se, dificuldades enormes, questões gravíssimas como algumas citadas acima e não apenas tomando tais questões como problemas do outro.
Mas, o que podemos fazer para um grupo específico social que tanto é citado como dos mais frágeis em nossa era, os jovens e adolescentes? Como combater a falta de perspectivas a que eles são historicamente condicionados a assumir? Que alternativas podemos lhes oferecer???
Por: Walter Eudes – comunicador social brasileiro -novembro de 2009 – waltereudes@correios.net.br