8 de jun. de 2025

TEXTO 2009

É de se abismar ao posicionamento de algumas pessoas “pensantes” do viver cotidiano a se portarem como que a “salvadoras” dos bons modos, bons costumes, a terem a onipotência de estarem com as soluções para problemas complexos que não são solucionados em definitivo em qualquer lugar do mundo neste início de século. Não mesmo que seja demasiado diferente de um centro civilizatório qualquer, problemas sociais grandiosos de outro centro civilizatório distantíssimo, até mesmo em outro continente, com cultura, economia, política diferente, mas o problema é o mesmo, sem solução imediata a vista, a fazer muitas vítimas diretas e indiretas. São assuntos de extrema complexidade social como prostituição infantil, violência letal a jovens, uso de drogas ilícitas perigosíssimas, racismo, xenofobismo, exclusão econômica, etc. Há quem se sensibilize pelos problemas e que de alguma forma procure somar a uma melhora. Mas há quem acha ter a solução. Pessoas que tomam as conseqüências de toda uma desestruturação social como o problema em si. Muitas vezes praticam uma política de exclusão, preconceito, marginalização, perseguição e censura a outras gentes vitimadas por um forte desequilibro social de fossos densos na economia, política, ideologias, religiões, cultura... tudo em crise! E as vezes esta ideologia através de algumas destas pessoas, ganha força em condições favoráveis a seus interesses e agem de forma ativa no tecido institucional social. Um grande risco para justo as vítimas do já dito desajuste social, pois, os excluídos e marginalizados passam a serem os alvos prediletos de pessoas notadamente de ideologia elitista, ultra-moralista e até mesmo de cunho fascista.

Na prostituição infantil vemos um exemplo claro de como complexo é a matéria. Vemos que a prática da prostituição infantil é fruto/consequência de fatos preliminares os quais os hipócritas de plantão insistem em ignorar, seja por preguiça de apurar as reais causas, por incompetência, ou mesmo por formação reacionária de base preconceituosa excludente, marginalizadora. Abordam os efeitos e ignoram as causas. Porque o tecido social civilizatório detentor de perspectivas enaltecedoras a dignidade humana faltou e falta a muita gente, que por sua vez tornar-se presas fáceis de perigosos vícios e atitudes sempre presente numa sociedade plural e em crise. Veja o exemplo da falta de um bom lazer noturno para jovens e adolescentes em diversos centros urbanos pós-modernos; veja o preconceito social e econômico sendo praticado e ensinado nas camadas sociais de mais ou melhor poder aquisitivo; veja o imaginário coletivo das classes médias de que “no morro é onde estão os bandidos”; veja a falta de trabalho, de emprego remunerado para os jovens e adolescentes atenderem as expectativas que uma classe dominante lhes fomentou como modelo de juventude – uma vida estimulada ao hedonismo, de consumismo, de shows, noitadas e baladas, uma juventude vivida sim, por jovens e adolescentes de classe média, classe alta, até mesmo em classe baixa, estimulada pela mídia em especial, que o jovem sem poder aquisitivo, sem emprego não a vive como vive muitos outros em boates, viagens, baladas, grifes de roupas, adquirindo bens duráveis caros ou muito caros. Nestes poucos aspectos-causas, pode-se ter uma idéia do que leva-se a situações como a prostituição infantil acontecerem na prática. Some-se ainda uma escolarização precária e instituições estatais mais a perseguir, censurar, punir que curar, educar, (re) socializar, some-se inanição e carências alimentares...

Note-se que aqueles grupos ideológicos ou pessoas individualmente que defendem em atacar os efeitos sem verem as causas ainda erram ao dissociar de suas práticas a afetividade em vários ângulos. Em hipótese alguma consideram a possibilidade de construir uma sociedade melhor com o afeto em pauta. Ora, assim, problemas que são gravíssimos tornam-se praticamente insolúveis por que mesmo há agentes sociais que querem na verdade extirpar da sociedade as vítimas dos problemas, fazerem mesmo uma “limpeza moral e social”, a julgarem que em se livrando das seqüelas sociais escondem suas faltas de responsabilidades e competência com todo o tecido social e as funções que ocupam do gerir social. É prática já rechaçada pela história ocidental, particularmente pela Europa do médio século XX!! Infelizmente é pensamento forte e articulado em alguns núcleos sociais o pensar acima descrito. Daí que resulta num desespero grandioso a quem tem perspectivas de minimização de graves questões sociais sem aplicar em prioridade ou somente a repressão, a censura, a perseguição...

Pois que, ao ver de muitas outras forças sociais e de muita gente atuante, é preciso a coragem de aprofundar-se na realidade antes de reclamar poder de voz a ela. É preciso compreensão minuciosa das causas das seqüelas que tanto incomoda a tanta gente. É preciso enxergar a vida em degradação como conseqüência de uma deterioração anterior, a da sociedade em que se está inserida uma coletividade pautada em valores poucos solidários, materialistas ao extremo, de que o indivíduo passa a ter, por exemplo, reconhecimento pela posse financeira bem mais que por outros aspectos humanos. É necessário encontrar soluções ou tentar implementar ações no nascedouro dos problemas, por exemplo quebrar um verdadeiro “aparthaid” social entre os de posse econômica e os miseráveis ou pobres. Porque se assemelhará na melhor das hipóteses como onipotente as ações sociais de pessoas totalmente desprovidas de compaixão e entendimento das problemáticas atuais como um todo.

Há grupos e indivíduos que, conscientes do fosso social em estamos inseridos não se perdem em propostas inaceitáveis e já rechaçadas pela história, não correm o risco de aplicarem estratégias já comprovadas como ineficazes, porque se lançaram previamente corajosamente ao entendimento da realidade tal qual ela é, numa postura que de fato é para poucas pessoas dado o ônus que traz a verdadeira consciência, o ônus de ter que assumir como seus, de seu tempo e de sua coletividade, como seus repita-se, dificuldades enormes, questões gravíssimas como algumas citadas acima e não apenas tomando tais questões como problemas do outro.

Mas, o que podemos fazer para um grupo específico social que tanto é citado como dos mais frágeis em nossa era, os jovens e adolescentes? Como combater a falta de perspectivas a que eles são historicamente condicionados a assumir? Que alternativas podemos lhes oferecer???

Por: Walter Eudes – comunicador social brasileiro -novembro de 2009 – waltereudes@correios.net.br

30 de out. de 2009

Olá, bem vindo/a!!



Esta página eletrônica migrou para a plataforma wordpress, acesse este LINK a baixo e veja minha produção textual em:

www.waltereudes.wordpress.com